domingo, 25 de agosto de 2013

Férias

Porque as férias serão sempre sinónimo de praia, vestidinhos leves e chinela no pé :)

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Sabes que #2

Sabes que estás a ficar velha quando não sentes nem uma pontinha de inveja durante os relatos entusiasmados de quem esteve de corpo e alma num festival de verão. Pensar em dormir no chão, em tendas transformadas em saunas e em casas-de-banho portáteis é o suficiente.

Sabes que

Sabes que precisas de férias quando tens que fazer um esforço para não cantar mentalmente uma música que passa montes de vezes na rádio, sempre que tens sessão com a miúda cujo nome faz parte dessa canção.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Pela primeira vez não sorri quando te falei

Pela primeira vez não sorri quando te falei. Levantei-me e soltei um "então" sem entusiasmo, enquanto sentia os teus lábios tocar nas minhas bochechas. E não sorri. E não perguntei se estava tudo bem. E não meti conversa. Em vez disso voltei a sentar-me da cadeira desconfortável da esplanada tomei o peso ao copo de amêndoa amarga que tinha à minha frente. Pela primeira vez não fiquei a reparar, num alvoroço, se olhavas para trás ou se procuravas o contacto. Mas nem assim deixei de sentir as borboletas na barriga.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Sonhos

7h40. Linha amarela. Faço cálculos mentais subtraindo à socapa os minutos que demoro a fazer o percurso para me convencer de que vou chegar a tempo. À minha frente, uma senhora folheia uma revista cor-de-rosa enquanto a vizinha do lado vê as imagens por cima do ombro. Do outro lado, um adolescente vestido com cores berrantes sorri para o telemóvel perante uma piada qualquer embrulhada numa mensagem. De pé, encostada a um banco do metro, uma rapariga segura uma mala de cartão gasta, enfeitada com recortes de revista. Prada, McQueen e Valentino desfilam lado a lado com batons, stilettos e modelos esguias que riem, ajeitando o cabelo, olhando arrogantemente para quem segura na mala com mãos despidas de adornos. Na estação seguinte entra alguém que emana um aroma familiar. Olho em volta como que a chamar a memória. As senhoras da frente já partilham a revista e encontram-se em amena cavaqueira discutindo uma novela qualquer. O adolescente do banco ao lado já tinha sido substituído por um homem nervoso que olhava para a agenda e roía as unhas. À frente da rapariga da mala encontrava-se uma mulher de cabelo arranjado, calças de vinco e unhas feitas fitando as imagens por trás dos óculos de massa com um desprezo manifesto. Próxima paragem, anuncia a voz metálica. É a minha, penso, enquanto continuo irritada por não estar a conseguir identificar aquele aroma com fundo de âmbar e baunilha. Encaminho-me para a porta enquanto o metro abranda e ponho-me entre a rapariga e a mulher (ah, cá está a dona do perfume), mesmo a tempo de perceber o olhar despretensioso que a rapariga lhe dirige: "Pisa devagar porque estás a pisar os meus sonhos" e, de repente vem-me um nome à cabeça Le cinema. Enquanto saio do metro lembro-me de alguém que envergava esse aroma elegante e sofisticado fazendo das aparências a sua arma. Uma actriz, portanto. Tento-me lembrar do nome dela e pergunto-me onde estará agora. Provavelmente, a representar perante uma plateia vazia. Tenho pena de ter saído do metro antes da rapariga. Talvez lhe tivesse dito que fazer sentir os outros mal não é sinónimo de força, mas sim sinal da própria fraqueza.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Do perdão

E há uma altura em que conseguimos perdoar. Chega assim, de mansinho, e dá-nos uma pancadinha no ombro. A princípio nem nos apercebemos - franzimos o sobrolho, olhamos para o lado e  pomos os ouvidos à escuta mas parece que, nos entretantos, tudo nos distrai. As ideias antigas e os sentimentos menos bons pressentem o que está a acontecer e lá vêem eles, em debandada, a forçar as entradas e a inundar a cabeça. E é de repente que tudo se ilumina: uma gargalhada, um olhar cúmplice, uma conversa profunda que faz esconder a tristeza e a mágoa e dá lugar à esperança . É nessa altura que se faz as pazes com a memória, se redescobrem afinidades, se relembram outras andanças e se chama de volta o carinho, passando à frente da raiva e da desconfiança. Aceitam-se os erros, vive-se a união e adormece-se com uma leveza interior que há muito não se sentia. Finalmente há um elo que encontrou, novamente, o seu par. Agora, é reforçar as amarras e, sobretudo, ter vontade de o fazer.  

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Nano contos

"    Ele viu-a descer as escadas com ar de quem não se importava, mas que sabia que todos se importavam com ela. Tinha uma clave de sol tatuada no braço. Ele perguntou-lhe se sabia música. Ela respondeu: "Depende de quem me toca".   "

In vitro

Hoje o dia foi passado em reuniões de equipa, a aprender como se cria um ambiente que vá de encontro aos projectos terapêuticos. "Estes miúdos não podem ficar juntos porque pertencem à mesma turma na escola", "A e B precisam de alguém que lhes faça frente de modo a não dominarem as brincadeiras", "C e D não vão conseguir evoluir se se juntarem ao grupo mais elementos desestabilizadores", tudo informações preciosas que ajudam a juntar as peças do puzzle e que tornam o quebra-cabeça um pouco mais organizado para o arranque do próximo ano lectivo. É trabalho de falso controlo do destino mas que, ainda assim, acaba por ser gratificante quando se notam as mudanças ao nível do comportamento, as bocas dos mais tímidos a verbalizarem um "não" quando é necessário, o esforço que os mais agitados fazem para se controlarem, a união no grupo quando todos puxam uns pelos outros ou encorajam a sair da cama dos pais, com dicas e ideias que funcionaram com eles. 

Depois desta tarde fiquei quase a desejar que alguém tivesse feito o mesmo comigo: seleccionar cuidadosamente quem mais se parece comigo e colocá-lo ali à mão de semear, ao mesmo tempo que retirava umas quantas almas penadas que (pensa-se) não acrescentaram nada de novo à minha existência ou que corromperam o meu mundo cor-de-rosa com maldade gratuita. Mas logo a seguir sorrio de boca fechada perante essas fantasias. Aquilo que sou hoje é o resultado de uma constelação de inúmeros factores, cuja maior parte se prende com as pessoas que, em algum momento se cruzaram na minha vida. Pessoas importantes, pessoais essenciais, pessoas que aprenderam a estar, pessoas que foram corridas ao pontapé, pessoas que cujo lugar ainda marca um espaço vazio: todas elas deixaram alguma coisa, todas elas acrescentaram algo novo à minha existência. E espero que também tenham levado com elas um bocadinho de mim.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Da perda

"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.


Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

 - Miguel Sousa Tavares

sábado, 22 de junho de 2013

Belo Horizonte - MG

É engraçado como uma fita de veludo e um par de moedas chinesas podem resgatar a tua memória. Tu, que vieste do outro lado do Atlântico ao ritmo do samba, trazendo a pele morena, o sorriso fácil e os gestos espontâneos que conquistam os corações. É irónico como agora nem o teu nome consta da escrita inteligente do meu telemóvel. Mandavas-me milhares de milhões de beijos enquanto estudavas as galáxias no livro de Física e povoaste os meus sonhos durante anos a fio. Nunca me esquecerei da primeira sms que me enviaste, numa noite de Março, lida e relida tantas vezes com uma atenção que visava adivinhar cada entoação daquelas palavras. Já não me lembro do que dizia. Talvez tivesse sido um convite para uma festa de escola. Ou mais subtil ainda, talvez tivesse sido apenas um inocente “vais à festa?”.

Uma vez andei contigo de mota. Fui a última das raparigas a andar contigo e senti-me tão feliz e tão especial pelo simples facto de, comigo, teres dado uma volta maior ao quarteirão. A meio da viagem, perguntaste-me algo que eu não cheguei a perceber. Só sei que depois hesitaste e voltaste para trás. Teria sido outro convite? Nunca o saberei... Sempre foste imprevisível e ainda hoje me pergunto o que estarias a magicar enquanto eu seguia à boleia, com os braços bem firmes à volta da tua cintura.

Também me lembro dos jogos de futebol a que assistia nas bancadas da escola com as minhas amigas. Cantávamos canções de amor e soltávamos suspiros enquanto esperávamos que, no calor do jogo, os rapazes nos atirassem as suas sweat-shirts. Quando isso acontecia, embriagávamo-nos com as essências de cada um, tentando descobrir o seu perfume. Nunca consegui descobrir o teu. Talvez o odor doce que sentia fosse o do teu corpo, da tua pele morena torrada pelo sol.
Há sorrisos que deixam saudades.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Semi-frio

É engraçado como há alturas em que a natureza reforça o nosso estado de espírito. Dizem que a temperatura máxima vai continuar a descer até ao último dia da semana.
Voltam os casacos, as mantas no sofá e as chávenas de chá entre as mãos. Sabe bem voltar a sentir os braços nus envoltos em algodão macio e dormir com mais uma camada de roupa a aquecer a alma. Sabe bem sentir esse apelo ao calor, ao conforto, à suavidade e deixar-me ficar assim, aconchegada, em silêncio, protegida pelo céu enevoado que lembra o Outono, enquanto tudo já reclama os dias solarengos do Verão.


domingo, 2 de junho de 2013

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Let's get physical!


Todos os anos, no final de Janeiro e passada a época das festas, eu afirmo com toda a convicção: "É neste Verão que eu vou ficar em forma!". Após três anos de promessas que não foram cumpridas, sinto que tem que ser agora!
Começou a saga: Em Março portei-me lindamente e praticava exercício quase todos os dias. O mês de Abril decorreu com treinos mais ou menos regulares. Maio foi o descalabro: os ataques de preguiça, o cansaço inexplicável, as alergias e o início do estágio deixaram-me desmotivada e atiravam-me para o conforto do sofá.
Mas amanhã chega Junho acompanhado de dias mais quentes (espero!), de convites para a piscina e de uma grande vontade de usar roupa mais leve e pôr as pernas ao leu. E para poder aproveitar tudo aquilo que o Verão tem para dar com um sentimento de que me sinto bem no meu próprio corpo, é preciso voltar à carga e seguir algumas regras:

#1: Beber mais água (dica clássica).
#2: Moderar o consumo de hidratos de carbono. Sempre segui uma alimentação equilibrada por isso não preciso de modificar drasticamente os meus hábitos alimentares MAS comer menos pão, arroz e massas é algo que preciso de fazer. Principalmente ao jantar!

#3: 45min/1 hora de exercício diário. No excuses ;)



quinta-feira, 30 de maio de 2013

Cabeça de vento ?

Eu presto pouca atenção. Deixo escapar os detalhes, não vejo verdadeiramente os caminhos por onde passo, não ouço as diferenças de tom e não sinto o desequilíbrio dos ambientes.
Há alturas em que se dá o clique e em que me apercebo que aquela rua por onde passei tantas vezes, guarda um canto especial, ali à espera para ser apreciado. Contudo, na maior parte das vezes, são os outros que me contam o que não vi, o que não escutei, o que não me apercebi. E nessas alturas sobra o vazio e a tristeza. Será falta de sensibilidade? Falta de motivação? Será que conheço verdadeiramente quem está perto de mim? Porque me é tão difícil focar a atenção? Porque é tão complicado apreciar o que está escondido, camuflado, ou simplesmente o que se encontra tão escandalosamente disponível?

Tem a ver com as defesas, dizem uns. Eu concordo. Quando se presta uma atenção genuína, capta-se tudo: o bom e o mau. Percebe-se a beleza, as idiossincrasias, as nuances, as subtilezas e os segredos. E descobrem-se coisas que magoam, que chocam, que confundem. 
Torna-se mais fácil querer não reparar, claro. Evitam-se conflitos, ausências e perdas. Evita-se o pensar, o reflectir, o pôr tudo em causa. Evita-se o desespero de não se saber o que fazer.


Mas agora chegou a altura de abrir os olhos. Chegou a altura de não desperdiçar a intuição e a sensibilidade que ainda circulam escondidas, com medo que eu as tente afastar novamente. Não tem mal em ver mais que os demais, em perceber os ritmos e as energias, em gostar de observar as palavras que não se dizem, em querer estar cada vez mais perto de quem se ama, se captarem todos os detalhes porque realmente se quer, em oferecer aos outros a nossa atenção plena e em querer conhecer a sua essência porque se tem gosto nisso. Porque sentir plenamente faz falta e reflectir é algo que faz parte de nós e que nos faz sentir cada vez mais nós próprios.     




quarta-feira, 29 de maio de 2013


Há livros que nos marcam. Uns exercem logo o seu encanto desde a primeira página e parece que contam a nossa história. Outros parecem mais banais mas acabam por ter impacto e ficar gravados em nós, quase sem se fazerem notar. 
Com o Estrela à Chuva foi assim. Cruzou-se comigo na fase mais confusa da adolescência e mostrou-me  personagens fortes e cativantes 
Agora, 10 anos depois, numa altura em que várias mudanças se instalaram, dei comigo a folhear esse livro e a lembrar-me que não se desistem dos sonhos, que se deve mostrar o nosso afecto a quem mais amamos e que não se controla o futuro, mas que se escolhe como fazer face às circunstâncias que a vida nos oferece.